A maior banda do mundo vai tocar no maior player de entretenimento da história.
- Alessandra Gaeta
- 31 de out. de 2021
- 4 min de leitura
Atualizado: há 2 dias
Pois é. Quando a gente pensa em qual é o maior logo musical do mundo, não tem como. Gostando, ou não, a banda mais influente da nossa história são os Beatles. Estes caras realmente mudaram o que seria a música da década de 1960 para frente. O que era para ser um quarteto bonitinho que tocava um rockabilly "diferentinho" com cabelinho longos e rebeldes em 1963, que fazia musicas-chiclete de quase 3 minutos (ou nem isso), como I Saw Her Standing There, ou a eterna Twist And Shout. Em 1965 começou a virar os motores e abre o icônico disco Help!, com a faixa-título.
Na minha opinião, o bicho começa

a pegar em 1966, com o Revolver (gente, em 1966 os caras colocam no mesmo disco a Eleanor Rigby, Yellow Submarinbe, Good Day Sunshine, enquanto o mundo seguia no ié-ié-ié, ou seguia a onda que os Beatles construíam). Em 1969, o ano do Woodstock, lançavam o Abbey Road. Mas nem vou começar a falar do Sgt. Peppers, que daí perco a linha. Enfim, esse artigo não é um review dos Beatles, embora um dia eu possa até fazer um!
A verdade é que até a década de 1970, essa banda viveu e mudou o rumo da música. Muita sonoridade diferente, à frente do tempo, mesmo. Questionamentos, bandeiras levantadas, sucessos, padrões estéticos, musicais… Estava tudo lá! A ponto de gerações até mais novas que eu seguirem sabendo suas músicas, cantando, se emocionando… E ainda muita gente não entende o que essa banda foi, e segue ouvindo os hits de 1963.
Antes de falar do que eu quero aqui, sugiro que você assista ao Carpool Karaoke com o James Corden e o Paul McCartney. Se você não se emocionar e chorar, você tem um coração de pedra.
Bom, os Beatles atingiram recorde de venda mundial (é a maior banda em volume de vendas de álbuns nos EUA) e, apesar de ter terminado há 50 anos (!!!), ainda é uma das bandas mais tocadas Spotify.
Deu pra entender, né? É uma banda eterna, que desperta paixões até hoje, que bisavós, avós, pais e filhos curtem juntos, e seguirão curtindo por mais algum tempo.
Falando em paixões e gerações, aposto que todos aqui já ouviram falar na Disney. E não é segredo que este império do entretenimento já passou por grandes apuros, mas sempre conseguiu dar seu jeito de não falir. Mas a pandemia pesou e, neste contexto, resolveram abrir um canal de streaming para competir com o ex-inofensivo, mas atual vilão da indústria do entretenimento tradicional, o Netflix.
A Disney+ tem investido muito para aumentar sua relevância no mar das possibilidades de streaming. O Brasil, também parece ter aceitado muito bem este formato, que anda tirando share of time dos gigantes da TV, principalmente na geração dos Millenials e as mais novas - que assistem 27% menos TV tradicional (and counting).
A tendência é clara: a TV tradicional está perdendo espaço, e há uma oportunidade gigante nos streamings. E a boa notícia é que o que não falta para a Disney é conteúdo e relevância. Agora, precisam penetrar mais no mercado, fazer as pessoas instalarem, degustarem o menu e, com esperança, uma boa parcela ficará (quem não quer assistir ao Rei Leão em 4K, não é mesmo?).
E o que isso tem a ver com os Beatles?!

De 25 a 27 de Novembro, a Disney+ vai lançar um documentário com cenas inéditas de processos de gravação e turnê dos Beatles, tudo colorido e em alta definição. Material inédito. O maior logo do entretenimento está fazendo a estréia do documentário do maior logo musical da história.
Como fã dos Beatles, óbvio que estou em êxtase! Já assino a Disney+ e eles podem levar todo o meu dinheiro que assistirei na estréia. Agora, quero que vocês parem e reflitam comigo: o mercado de streaming no Brasil está crescendo, está começando só agora e ainda tem muito espaço para crescer. O Netflix e a Amazon estão nadando de braçada e arrebentando, com recordes de assinaturas a cada mês.
Uma análise rápida de mercado
No Brasil, mais de 65% da população tem pelo menos um streaming assinado, segundo a Finder. Isso está muito acima da média mundial, que é de 55%.

Olhe o tamanho de cada um dos maiores players do Streaming no Brasil, segundo a JustWatch até o final de Junho de 2021.

A pesquisa da Finder, um pouquinho mais atualizada, corrobora com a ordem de grandeza desta lista.
Mas o interessante é também olhar o recorte de relevância destes streamings por idade. Vamos pegar os 3 maiores.

O Netflix e a Amazon mantêm praticamente uma média uniforme nas mais variadas faixas etárias. O que não acontece com a Disney+. Ela cai pra metade, quando olhamos pra população acima de 45 anos.
Coincidência esse lançamento de um documentário dos Beatles no Disney+? Acho que dificilmente.
Olhando para a precificação, o maior player é também o mais caro do segmento (chegando a custar mais de R$50 a assinatura, enquanto os demais cobram cerca de metade disso). Ou seja, a concorrência não é simplesmente por preço. E tem espaço pra cobrar mais, se os consumidores enxergarem o valor.
Eu imagino o departamento de marketing da Disney+ conversando:
A: “Precisamos crescer nossa participação de mercado no mercado do Brasil, e tem espaço até de aumentar faturamento como estratégia de longo prazo.”
B: “Precisamos dar uma tacada infalível não só para os Millennials, que estão saudosos do Rei Leão e querem ver remakes.”
C: “A população acima de 45+ anos já está entendendo o consumo de streaming e está entrando em peso na Netflix e Amazon Prime. Todas as idades economicamente ativas já entendem. Mas, por aqui, representam pouco da nossa base. E a gente vai fazer como, vai ficar falando só de desenho animado, de heróis de quadrinhos?”
B: “O que conversa universalmente com todas as gerações?"
A: “Come together, right now, over me.” - subindo na mesa, tocando air guitar.
C: "Não entendi."
B: "Isso, Beatles."
Juro que imagino esta conversa em uma reunião de marketing dentro da Disney+. Eu entendo isso como um belo tiro pra aumentar sua relevância e participação no mundo dos streaming Brasileiros. Quem ainda não ouviu falar do catálogo da Disney+, vai começar a ouvir falar.
E quem vai querer perder este lançamento? Eu que não.
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