Como escrever um brief criativo que não sabota sua marca (ou sua agência)
- Alessandra Gaeta
- há 3 dias
- 3 min de leitura
Meu ex-chefe tinha uma regra:"Shit in, shit out."
E nunca mais esqueci.
A gente adora culpar a agência quando a campanha não entrega.Mas, na maioria das vezes, o problema começa antes — com um briefing vago, tático ou desalinhado.
Daquele tipo que diz “queremos que viralize”, “algo legal” ou, pior: nem define o que é sucesso.
A verdade é simples:Não dá pra esperar trabalho estratégico com input amador. Se você quer campanhas criativas, consistentes e que tragam resultado, comece por um brief mais claro.
O que um briefing criativo não é
Não é uma lista de tarefas
Não é uma wishlist de design
Não é um formulário copiado da campanha do ano passado
Um brief criativo é uma ferramenta de alinhamento estratégico.Ele traduz os objetivos de negócio em direcionamento criativo — e prepara a agência para entregar trabalho que funciona.
Os 5 blocos essenciais de um bom briefing
1. Contexto de negócio
O que está acontecendo agora que levou a esse projeto?
Qual desafio mais amplo estamos resolvendo?
Esse trecho ajuda a agência a conectar o pedido criativo com a realidade da marca.
2. O objetivo
Seja específico.
O foco é gerar awareness?
Mudar percepção?
Gerar leads ou conversão?
“Fazer barulho” não é objetivo.“Increase consideration entre Gen Z em 20% no Q3” é.
3. Público-alvo (comportamental, não só demográfico)
Com quem estamos falando de verdade?
O que essa pessoa sente, pensa, acredita hoje?
O que queremos que ela acredite depois da campanha?
Use um recorte funcional: qual é o "trabalho" que esse público precisa resolver?
4. Mensagem principal
Qual é a única coisa que precisa ficar clara?
Se a audiência esquecer todo o resto, o que precisa lembrar?
Brief bom entrega uma ideia forte. Não uma lista de mensagens.
5. O que evitar (zona de risco)
Quais caminhos devem ser evitados?
O que já foi testado e falhou?
O que não está alinhado com os valores ou com o tom da marca?
Essa é a parte mais esquecida do briefing — e uma das mais valiosas.
Defina critérios de sucesso — ou nem briefe
Nenhum brief está completo sem critérios claros de sucesso.
Senão, o feedback vira julgamento subjetivo:
“Não gostei”
“Não está impactante”
“Não sei, só não senti”
Com sucesso bem definido, o feedback vira estratégico:
“Essa peça não sustenta o objetivo de negócio alinhado”
“Essa execução não conecta com o insight do público”
“Essa mensagem foge da ideia principal que acordamos”
Critérios de sucesso devem ser:
Vinculados ao resultado de negócio
Mensuráveis dentro do escopo da campanha
Alinhados ao papel da campanha (awareness, conversão, etc.)
Usados como filtro em toda revisão — do primeiro rascunho à entrega final
Dica prática: termine toda revisão com a pergunta “Isso entrega o que o brief pedia?”Se não entrega, talvez o problema nem seja a criação. É o próprio brief.
Erros comuns de briefing que desperdiçam tempo, verba e confiança
Pedir “algo criativo” sem dizer por quê
Brifar a agência sem antes alinhar o time interno
Dar feedback contraditório de stakeholders diferentes
Dizer “me surpreenda” quando, na prática, você quer algo seguro
Tratar a agência como fornecedora, e não como parceira estratégica
Grandes campanhas começam antes do primeiro slide
Quer trabalho forte da sua agência?
Comece com:
Clareza
Contexto
Consistência
Brief bem feito não limita a criatividade. Ele viabiliza.Dá direção, propósito e fundamento para que a equipe crie algo que mova pessoas — e o negócio.
Criatividade sem estratégia é barulho. Estratégia sem criatividade? Só mais um PowerPoint.
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